Antes do Dia das Mães!

Imagem: heathervogelfrederick

Minha mãe sempre foi presença ativa na minha vida, ora me torrando a paciência para eu namorar menos e estudar mais na adolescência, ou vibrando com minhas pequenas conquistas. Ela foi, e acho que ainda é, a única pessoa que sempre conseguiu dizer o que realmente eu precisava ouvir sem rodeios:

- Essa menina não é tua amiga, hein?
- O tempo vai passar de qualquer jeito, use-o da melhor forma que puderes!
- Não corta tanto o cabelo!
- Você é a mais linda para mim!
- Esse cara não presta, alguém muito especial ainda vai aparecer.
- Passar um ano fora do país lavando pratos? Para quê?
- Economiza!
- Casar? Agora?
- Não vai casar então? MORAR JUNTO, como assim?
- Vai malhar! Tens que cuidar da tua saúde!
- Quando vem o bebê?
E por aí, vai...certas conversas entre mãe e filha são impublicáveis. Mesmo que muitas verdades ou até bobagens, doessem, e eu a odiasse por dizê-las, eu sempre tomei como certa a presença poderosa dela em minha vida. E sabia que não importa o que acontecesse, eu sempre poderia contar com ela.
O tempo passou, amadureci, estudei, viajei os quatro cantos do mundo, às vezes lavando pratos sim, casei e tornei-me também mãe. E nessa jornada, a qual chamamos vida, descobri inúmeras afinidades com minha mãe. De uma hora para outra, ligar para ela deixou de ser obrigação e passou a ser prazer. Descobri que além dos genes, dividimos valores e a uma visão de vida similar. Nossas conversas agora duram horas. Compartilhamos livros, roupas, maquiagem, risadas e a paixão por viagens e estar sempre em forma. Tenho certeza, de que se o destino não tivesse nos feito mãe e filha, eu adoraria ser amiga desta mulher incrível.
Imaginem o susto e a dor, ao saber que esta pessoa fortíssima, que nunca tinha ficado doente, havia entrado em coma durante uma cirurgia delicada, porém simples. Foram dois meses na UTI, respirando por aparelhos, e mais três longos meses numa cama de hospital, sem poder falar ou se alimentar sozinha. Seu frágil e belo corpo, que ela tanto cuidou com corridas diárias de 12km, musculação e tênis, foi retalhado com mais de seis cirurgias para remover bactérias hospitalares que não paravam de aparecer. Contrariando todas as expectativas médicas, mas não às nossas, nossa querida mãe voltou para nós! No mais belo dos dias de 2009, ela finalmente acordou, lúcida, e ainda meio “atarantada” pelo enorme susto. A recuperação foi lenta, porém gradual, ela voltou a andar, reaprendeu a falar, escrever e ganhou peso. No auge da agonia, ela pesava apenas 32 quilos! Agora ela está em casa, já retomou sua rotina e na semana passada começou a caminhar na mesma trilha que costumava correr.
Eu fico me perguntando por que isso aconteceu? É certo que essas fatalidades não têm resposta. Mas em vários momentos, nas minhas orações e reflexões e até nas conversas com meu pai, eu dizia ser grata por ter um relacionamento tão bom com ela. Tantas pessoas nem falam com suas mães e pais! Não deixem para dizer amanhã o quanto vocês as amam e o quanto elas significam nas suas vidas. Não esperem o Dia das Mães: ligue para a sua mãe hoje, você pode ter certeza que a pessoa que mais te ama no mundo estará do outro lado da linha.