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Questão de peso: um pé na anorexia

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você acha essa moça cheinha?
Imagem: Google

Na Veja desta semana tem uma matéria bem bacana sobre anorexia e a influência da cultura no desenvolvimento desta desordem alimentar, que leva a morte cerca de 20% das pessoas afetadas por ela.
Nunca tive anorexia, mas durante toda a minha adolescência e minha vida adulta, fui uma garota extremamente preocupada com meu peso, apesar de ter sido sempre magra. Durante 14 anos fui bailarina e levava muito a sério a dança, ensaiava cerca de 6 vezes na semana e o grupo de dança do qual fiz parte nas décadas de 80/90 se apresentava em todos os festivais de dança no país e chegou a ser convidado a dançar na Europa em 1995.
Para quem está no meio da dança (assim como as ginastas e modelos) o estar magra, muito magra, é condição sine qua non, é a lei, a regra. Cria-se uma distorção do que é "normal". Uma menina com peso "normal" pode ser considerada "cheinha" e ser empurrada por todas as pessoas a sua volta a fazer dietas mirabolantes para perder a gordura imaginária.
Lembro de mim, com uns 20, 21 anos, magérrima, comprando uma camiseta no Festival de Dança de Joinville com o desenho de uma bailarina comendo uma maçã, com os dizeres: "dieta da maçã verde (1 maçã, 1 copo de água e mais nada)", ou algo assim. Ossos eram bonitos e engordar um quilo nas férias uma tragédia. Contar calorias todos os dias era normal.
Não faço mais balé há uns 10 anos, mas a bailarina que fui um dia ainda resiste e quer continuar "seca", como eu e minhas amigas da dança falávamos. Como se conformar com uns quilinhos a mais e um visual mais saudável, quando em todas as revistas, editorias de moda e passarelas as mulheres (ou melhor, meninas) são tão esqueléticas?
Por mais que a gente saiba que "homem gosta do que pegar", que magreza excessiva não é saudável, que as modelos das passarelas muitas vezes tem apenas 16 anos e por isso um corpo ainda não cheio de curvas, o padrão de beleza das super magras se impõe como uma lei a ser seguida.
Como vocês sabem sou psicóloga, parei de atuar neste semestre para me dedicar ao blog, mas durante 15 anos vi de tudo na minha profissão, inclusive garotas super modernas e inteligentes, como eu e você, sofrendo com uma enorme insatisfação com seus corpos.
Em 2009 escrevi um post aqui falando sobre a anorexia, que se caracteriza por um medo irreal de ganhar peso, geralmente piorado à medida que o peso real diminui, onde a pessoa tende a reduzir a quantidade e variedade do que come, podendo chegar a recusar qualquer tipo de alimento. Há pessoas que chegam a deixar de escovar os dentes com creme dental por medo que o mesmo possa engordar.
São sinais de alerta para a anorexia:
  • IMC abaixo de 17,5,
  • medo de ganhar peso,
  • sentimentos de que se “está gordo” mesmo estando muito magro,
  • ausência de menstruação por 3 meses, sem motivo aparente.
A perda de peso nas pessoas com anorexia é conseguida principalmente através da diminuição da quantidade de comida ingerida, mas algumas pessoas podem iniciar "o regime" tirando de sua alimentação os alimentos altamente calóricos. Algumas vezes a pessoa acelera sua perda de peso com a auto-indução de vômito, uso de laxantes ou diuréticos e prática de atividades físicas intensas.
Alguns fatos sobre a anorexia:
  • 90% dos casos ocorrem no sexo feminino
  • algumas profissões onde a magreza é exigida (especialmente bailarinas e modelos) demonstraram ter um risco mais alto para o desenvolvimento de transtornos alimentares
  • cerca de 20% das pessoas com anorexia morrem em 10 anos (por desnutrição severa, inanição, arritmias cardíacas, falta de potássio, suicídio, etc.)
  • ela geralmente aparece na adolescência ou início da vida adulta
  • o tratamento é feito com psicoterapia individual, de grupo e familiar com psicólogo ou psiquiatra e tratamento hospitalar em casos mais grave
Muitas de nós, eu inclusive, precisamos tomar muito cuidado para distinguir até onde vai a preocupação saudável com o peso e onde começa a ser algo excessivo. Há muitas de nós que jamais tiveram um transtorno alimentar grave, mas tem o que chamo de "um pé na anorexia".
O tal "pé na anorexia" precisa de uma vigilância constante ainda mais quando somos adolescentes, pois é a fase mais crítica para um caso grave se instalar. Mas mesmo entre as que já passaram dos 30 a distorção na imagem corporal (quando todo mundo diz que você está ótima, mas você se acha cheinha) acontece. Num mundo onde todo mundo associa beleza a ser magro e jovem, é difícil a gente não ser crítica demais em relação a própria aparência. Nem eu escapo desta paranóia. Sei que não estou "gordinha", mas vivo querendo perder 2 quilos.
Hoje em dia até Marilyn Monroe (na foto acima) teria que perder o "pneuzinho"..
Para as nossas leitoras queridas, vale o alerta: aquela moça de biquini na capa da revista provavelmente tem uns retoques de Photoshop. Não se torture, não se mate de fome.
Quem por aí já passou por isso, de estar dentro do peso ideal segundo a Organização Mundial da Saúde (veja calculadora e tabela aqui) e se achar gordinha?

7 comentários:

  1. Muito boa a mensagem, realmente tem hora que vira uma nóia gigante, tem que cuidar!

    Quer dizer que conheces Joinville? Nosso festival de dança é nosso orgulho :)

    Bjo!

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  2. Li essa matéria na Veja e sempre é impressionante ver a foto de uma pessoa anoréxica... foi super válida a sua alerta!!

    Bjo

    www.coisasdemulher.net

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  3. Neste fim de semana assisti o true hollywood history da Karen Carpenter de como ela morreu aos poucos dessa doença, foi triste....e essa semana me deparei com o trailer do ultimo filme da Hellen Hunt, me assustei com o que vi!
    Infelizmente é uma doença que ano sai ano entra ela esta entre nós....
    Pra quem ficou curiosa sobre a Hunt, de uma olhada:

    http://justjared.buzznet.com/2010/11/28/liev-schreiber-every-day-trailer/

    Beijosss
    Vi

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  4. valeu o alerta! tenho uma amiga que já sofreu muito com isso, e com bulimia também.. ela chegou a um ponto que vestia 32, e ainda colocava mais 2 calças legging por baixo da jeans para mãe dela não perceber.. foi parar até no hospital... Hoje está ótima, muito mais bonita do que naquela época!

    beijoca

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  5. Parabéns pela iniciativa Shirley! Ainda há receio das pessoas em debater sobre algo tão delicado... E posso deixar um recado aos interessados sobre o assunto? Na Biblioteca da UFSC existem teses que abordam o tema com grupos em Florianópolis, vale a pena conferir!!

    Beijo

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  6. Ótimo post, muito importante!
    Beijos!

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