Preconceito na Internet: Maldita Inclusão Digital???

  

Imagem: Getty Images

Tenho lido em muitos lugares pela blogosfera textos com um novo tipo de preconceito (ou nem tão novo assim), onde as pessoas maldizem a democratização do acesso às tecnologias da Informação.

São pessoas que usam muito as expressões "maldita inclusão digital" e "orkutizou", para pontuar sua insatisfação em ter que dividir seu mundo virtual com pessoas mais humildes.

Sim, porque não basta ser preconceituoso no "mundo real" e se ofender por ter um relógio de determinada marca que se popularizou (ou orkutizou, como diriam os neo preconceituosos)...  São pessoas que acham um "lixo" usar algo que "todo mundo usa" ou então ter que dividir alguma rede social com gente que é "da favela".

Os que mais usam a expressão #MalditaInclusãoDigital tem dificuldade em aceitar que alguém possa ter uma câmera "Tek Pix", usar a mesma para fotografar algo e "ousar" publicar na internet, rotulam todo e qualquer um que não se encaixe no seu padrão daquilo que é moda e/ou beleza, patrulham as redes sociais em busca de gafes que possam justificar seu preconceito contra aqueles que xingam de "favelados digitais".

Segundo o site Web Insider, "inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. A expressão nasceu do termo “digital divide”, que em inglês significa algo como “divisória digital”. Hoje, a depender do contexto, é comum ler expressões similares como democratização da informação, universalização da tecnologia e outras variantes parecidas e politicamente corretas.

Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. Como fazer isso? Não apenas ensinando o bê–á–bá do informatiquês, mas mostrando como ela pode ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda daquele monstrengo de bits e bytes que de vez em quando trava."

Isto quer dizer que inclusão digital também significa diminuir o abismo entre ricos e pobres (que é imenso em nosso país), democratizando o acesso à educação, cultura, informação e lazer que a Internet pode proporcionar. O acesso às mídias digitais não é mais uma exclusividade da elite e isto é ótimo para o país!

Só que por incrível que possa parecer, tem muita gente por aí se ofendendo (?!) por ter pessoas filmando com sua "Tek Pix" e postando seu vídeo no You Tube ou tendo a "audácia" de fazer um blog sobre moda ou maquiagem morando numa comunidade pobre.

Claro, porque para muitos, se você não tem uma máquina digital caríssima, um iPhone ou banda larga em casa, se seu look do dia é fotografado na sua rua ao lado de uma casa humilde ou se você não pode comprar MAC para fazer os tutoriais de maquiagem, você não deveria sequer poder acessar a Internet, quanto mais ter Facebook ou um Blog! Se você não for linda e magra, fica ainda pior (pois além de não aceitarem os "pobres", também não toleram as pessoas "feias" ou as "gordas").

Por que estas pessoas tem tanta aversão ao que é diferente? Por que se julgam superiores, ao ponto de não quererem que pessoas, segundo elas, "burras, pobres e sem noção" (sem noção do quê???), frequentem as mesmas redes sociais que elas? 

Os partidários da hashtag #MalditaInclusãoDigital esquecem que não são melhores que os outros por fazerem parte da classe média ou alta. Que TODAS as pessoas, sejam elas ricas ou pobres, feias ou bonitas, que consomem Chanel ou C&A, TODAS tem DIREITO de estar em todos os lugares, inclusive na Internet.

Discriminar as pessoas, no "mundo real" ou no virtual, é a coisa mais deselegante e mal educada que um ser humano pode fazer e não é coisa de gente civilizada e inteligente!

♥ Post escrito por Shirley Stamou