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Dica da Dra Fernanda: Você tem medo de dentista?




Pinças, brocas, alicates, seringas, agulhas, luzes fortes e líquidos de sabor ruim. À primeira vista, tudo isso assusta, assim ir ao dentista pode gerar um grande desconforto e para algumas pessoas é uma verdadeira fobia. E pode estar ligada a outras fobias, como o medo de agulhas, de médicos, da dor e outros.
O medo de dentista é antigo, os primeiros relatos vêm da Idade Média, quando o povo temia os “tiradentes”. Com o passar do tempo, a evolução da ciência e tecnologia diminuiu a dor e aumentou a importância de uma relação de delicadeza e confiança com os pacientes. 
De acordo com o psicólogo e dentista alemão Hermann Strobel, a boca é a via principal de acesso ao interior do organismo e ocupa um espaço relevante no imaginário das pessoas. Para demonstrar a relação entre os dentes e alguns tipos de comportamento, Strobel evidencia algumas expressões, como “agarrar com unhas e dentes” significa não desistir facilmente; “dar com a língua nos dentes” é falar mais do que devia; “mostrar os dentes” demonstra agressividade; “olho por olho, dente por dente” se refere a pagar com a mesma moeda o mal sofrido.


Omne Bonum (uma enciclopédia manuscrita do século XIV), de James le Palmer, cuja ilustração mostra uma "miniatura em uma inicial 'D' com uma cena representando dentes (“ dentes ”). Um dentista com fórceps de prata e um colar de dentes grandes, extraindo o dente de um homem sentado. ”, Londres, Inglaterra c. 1360-1375 
Imagem: Wikimedia Commons , Public Domain

A percepção diferente da importância da área orofacial em relação a outras áreas do corpo ocorre devido ao córtex cerebral transmitir representação superdimensionada, na prática quer dizer que somos muito sensíveis aos estímulos nessa região. Qualquer pequeno corte na língua ou gengiva parece imenso - um cabelo na boca sempre é muito mais incômodo do que se sobre a mão ou braço. 
A odontofobia pode ter várias origens que abrangem desde traumas infantis até aversão após um tratamento longo. Para cada causa existe uma forma de abordagem diferente pelo cirurgião dentista e, em todas elas, deve-se proporcionar total atenção e apoio ao paciente, sem banalizar o desconforto que ele sinta nestas situações.
O medo de dentistas pode resultar de experiências negativas, diretas ou indiretas. Um fator importante é que o tratamento dentário muitas vezes envolve procedimentos que necessitam de anestesia local (uso de seringa e agulha). Outro motivo, é a antipatia com o profissional ou experiências passadas. Existe também a influência de desenhos animados, livros, programas de TV e filmes que mostram a odontologia de forma negativa. Em alguns casos, o estímulo geral pode gerar esse medo como um ambiente de consultório envolvendo jalecos brancos, cheiros, sons desagradáveis (barulho do motorzinho de dentista), brocas, substâncias antissépticas e luzes brilhantes do teto. Além disso, a sensação de impotência e perda do controle do paciente, de estar sob uma luz forte com a boca aberta sem poder falar, com uma broca e um sugador na boca, durante um procedimento pode naturalmente levar ao medo. 
Na odontopediatria é muito comum a demonstração do medo frente ao ambiente desconhecido (cadeira odontológica, barulho, gosto diferente e instrumentos estranhos), assim é muito importante que o profissional apresente as novidades de forma atrativa e tranquila, para que a criança possa sentir-se segura e confiar no tratamento. Além disso, os próprios pais/ responsáveis podem transmitir esse sentimento, relatando situações em que sentiram dor ou se submeteram a anestesia ou até mesmo influenciando o comportamento da criança, por exemplo avisando que “se chorar o dentista vai dar injeção”.
É importante o dentista sempre entender o paciente e ficar atento a qualquer sinalização de dor para formar um bom condicionamento ao tratamento odontológico.
Existem vários sintomas mentais e físicos como choro, grito, transpiração excessiva, aumento ou queda repentina da pressão arterial, taquicardia, palidez, desmaio, náuseas e até mesmo ataque de pânico. A prevenção é o sintoma mais comum que faz com que a pessoa evite ir ao dentista por longos períodos levando a maiores complicações e, consequentemente, a um tratamento mais difícil e caro no que se refere a saúde bucal e também a saúde geral. Esse sintoma pode até mesmo gerar um ciclo vicioso, pois o paciente sabe disso mas por conta do medo acaba não procurando ajuda e o quadro piora cada vez mais.
Além disso, existe o prejuízo social causado por esse desleixo com própria saúde levando a maior dificuldade para conseguir um emprego, manter um relacionamento, fazer amizades. O indivíduo acaba se tornando socialmente deprimido e isolado.
Algumas atitudes ajudam a superar o medo, tudo começa na chegada ao consultório com uma sala de espera confortável e que tranquiliza o paciente que aguarda atendimento, este deve ser dentro das necessidades procuradas pelo paciente levando ao sentimento de confiança no profissional e na sua qualificação, a liberdade para esclarecimento de dúvidas e explicação de procedimentos odontológicos realizados o que transmite maior segurança, e por fim, o diálogo franco entre paciente e dentista como base do tratamento. 
O paciente por sua vez pode vencer a fobia com algumas medidas, como identificar o que provoca mais incômodo no tratamento (injeção, cheiro de consultório, sentir dor mesmo com anestesia) para diminuir a sensação de medo, marcar consultas com horários maiores sem pressa e não consumir alimentos ou bebidas excitantes (café, chá-mate, refrigerantes) na noite anterior para dormir bem. Também é importante lembrar que as consultas de rotina recomendadas 2 vezes ao ano somadas a higiene bucal correta e uso do fio dental reduzem a necessidade de intervenções mais invasivas e, portanto, mais temíveis.
A criança deve ir ao dentista desde cedo e retornar para acompanhamento a cada seis meses, dessa forma há a familiarização com o consultório dentário e se for preciso algum tratamento este será facilitado.
A psicologia também pode ajudar no tratamento da fobia, já que propicia ferramentas e recursos para aliviar a ansiedade do paciente juntamente com as medidas já citadas. O apoio de algum membro da família ou amigo também pode ajudar. A hipnoterapia também pode ser utilizada em caso de fobia, e podem ajudar o fóbico a chegar ao fundo do seu medo e reprogramar sua resposta a ele. Técnicas de relaxamento, como respiração profunda e meditação, praticadas antes e durante o tratamento também auxiliam a perder o medo de dentistas.
Se cuide! Não deixe o medo prejudicar sua saúde, procure ajuda.


Texto escrito pela Dra. Fernanda Vieira  Cirurgiã Dentista - CRO 14451  
Neoclinic

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