Polêmica sobre 50 Tons de Cinza: Psicologia, Sexo e Amor - Garotas Modernas Garotas Modernas : Polêmica sobre 50 Tons de Cinza: Psicologia, Sexo e Amor

Polêmica sobre 50 Tons de Cinza: Psicologia, Sexo e Amor




Em 2012 escrevi aqui no GM a minha opinião sobre a trilogia
Cinqüenta Tons de Cinza e como tenho lido e escutado muita coisa polêmica sobre o filme, resolvi reescrever o post.

Tenho lido críticas dizendo que o filme e os livros fazem apologia à violência doméstica, mas mesmo que na história alguns pontos me façam ficar de cabelo em pé (pra quem não leu os 3 livros, cuidado, tem alguns spoilers), ainda vejo 50 Tons de Cinza como um filme mais sobre romance do que sobre sexo.
Acho que não é um livro para adolescentes e sim para mulheres adultas, que é sim polêmico ao meu ver especialmente por dois fatores:
A protagonista, Anastacia, perde a virgindade aos 22 anos com um homem igualmente jovem, mas muito mais experiente, o sedutor Mr. Grey, e que prefere claramente o sexo não convencional, com Sadomasoquismo (e não, não estou falando em brincar de amarrar seu namorado na cama com o cinto do seu roupão e sim sadomasoquismo hardcore), Dominação e Bondage (prática de imobilizar ou amarrar alguém para fazer sexo), com quem descobriu o sexo numa "versão super avançada" em termos de sexualidade fora do comum.  
Outro ponto que me causa desconforto é Mr. Grey ter sido iniciado sexualmente aos 15 anos por uma amiga de sua mãe, adepta do sadomasoquismo. Obviamente não é a iniciação sexual mais saudável para um garoto, mas na história este fato norteia o comportamento adulto dele.
Reli os primeiro livro há poucos dias e, sinceramente, não vejo indícios de violência doméstica - Mr. Grey tem preferências sexuais pouco convencionais e, de forma completamente consensual, pratica sexo com Anastacia numa relação dominador/dominada, mas a história não se resume à sexo, uma vez que se apaixona perdidamente por ela.
Ele tem uma clara preferência por sexo sadomasoquista, mas sempre de uma maneira consensual e  não pratica o que são consideradas
parafilias (desvios da sexualidade) graves : o sexo com crianças ou adolescentes de até 18 anos (se o outro é adulto ou adolescente mais velho com pelo menos 4 anos a mais do que a outra pessoa de 14 anos ou menos), sexo com animais ou com cadáveres.
Apesar de Mr. Grey ter o perturbador "Quarto Vermelho da Dor", que faria corar até a mais livre das mulheres, ele também tem seu lado doce, protetor e é, no fim das contas, um homem atormentado pelos problemas do seu passado: é orfão e passou por coisas terríveis até os 4 anos, depois foi molestado sexualmente por uma predadora sexual, que esta sim ser considerada uma pedófila.
Anastacia é uma garota jovem, inexperiente e um tanto "perdida", enquanto ele é uma espécie de "príncipe das trevas", com seus 50 tons de cinza. Um supre as "necessidades" do outro.
Sobre a questão sexual do livro, acho que é algo muito pessoal, acredito que entre duas pessoas adultas que realmente estejam de acordo, a sexualidade deve ser vivida na sua plenitude, respeitando os gostos e limites de ambos, obviamente.
Exceto pedofilia, sexo com animais, com cadáveres ou "brincadeiras" de alcova que possam causar danos físicos ou psicológicos, tudo é considerado "normal" para a Psicologia, Psiquiatria e Medicina, desde que os envolvidos sejam adultos e estejam de acordo com o que se irá fazer.

Mr. Grey é sim uma espécie de vampiro (como os de Crepúsculo), mas a quem Anastacia deseja ardentemente... Quem lembra da personagem de Kristen Stewart suspirando por um amor que poderia de fato matá-la, ou a deixar com a maldição da vida eterna?
Talvez Mr. Grey agrade tanto justamente por seu um personagem problemático, que vive no escuro, nos seus Cinqüenta Tons de Cinza e que encontra sua redenção através do amor. Não é Anastacia que precisa ser "salva" e sim ele, que tem no amor dela sua salvação, a busca do equilíbrio dos seus excessos e a superação dos monstros do seu passado.
É um mesmo um livro beeeeeeeeem sexual, para ler e ficar pensando em sexo...;) Não é exagero dizer que além de um romance, é um pornô soft para mulheres.
Excetuando o que descrevi acima, entre 4 paredes, de forma consensual, com respeito e entre dois adultos, eu acredito que vale tudo. Ninguém é "doente" ou precisa de tratamento se deseja fazer um sexo selvagem ou ter uma experiência mais picante.
Sexo é para ser vivenciado de forma plena e saudável, faz bem para pele, para o coração e não precisa ser feito sempre em 3 posições básicas em 5 minutos.
Se é um bom filme? Não posso dizer, ainda não assisti, mas no mínimo ele serve para se conversar sobre um assunto que ainda é tabu para muitas pessoas: sexo com prazer. Afinal, quantas mulheres nunca experimentaram um orgasmo na vida?

3 comentários:

  1. Excelente texto. Maravilhosamente bem escrito. Parabéns!!

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  2. Parabéns, Shirley, gostei muito do teu texto e concordo, apesar de ter lido somente o primeiro o livro... Acredito que todo bafafá criado foi pq as mulheres leram, gostaram e comentaram sobre o livro ou seja, sobre sexo!

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  3. Adorei o texto, Shirley, e concordo com você! Acho que só quem leu os outros dois volumes, é que percebe que a trilogia diz muito mais respeito ao romance do que ao sexo.

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